Era visível que
estava mais magro, com alguns músculos dos braços ganhando destaque, mas eu não
imaginava que sentiria seus ossos quando você me puxou para um abraço. O
impactou doeu no peito. Você gritou comigo de novo, dessa vez, pedindo para te
abraçar direito. Eu teria dito que não sabia abraçar direito, se não estivesse
ocupada demais com os soluços causados pelas lágrimas grossas, formando grandes
círculos no chão. Eu teria dito tanto, mas fiz o que me pediu e me senti
pequena. Toda a fragilidade amiga condensada ali, como um poema do Quintana. A
gente que se vire para entender. Eu só queria chorar, chorar, até conseguir a
ilusória sensação de já ter chorado tudo o que podia, mas ainda tinha muito.
Você me ama do jeito que aprendi a amar. Aproveitei o abraço desconfortável, as
lágrimas, a reconciliação, para sentir seu cheiro. Me abriguei um pouco nas
emoções todas, de uma vida inteira. Nós nunca aprendemos outra linguagem e isso
me incomodava porque eu demorei muito para me adequar às demonstrações de
afeto. Agora me sinto parte de algo maior, um amor que não se mede pelas
repetidas vezes em que conseguimos dizer “eu te amo”, mas sim, pelas batidas
aceleradas de dois corações – que aprenderam a amar no silêncio.
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